“Todo dia é ano novo.
A gente finge que não, é só mais um dia: abrir os olhos, sair da cama, sentir a água escorrendo no corpo, cantarolar uma canção velha que fala de um amor que vai chegar, abrir a janela, sentir no rosto o sol ou a chuva, sempre alguma brisa.
Uma ou duas xícaras de um gosto com cheiro de mato: café.
Por uma tela que carregas em uma das mãos, saber das notícias e lembrar de Saramago.
“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”
Ter vontade de abraçar alguém só pra sentir o coração desse alguém batendo em compasso com teu próprio coração.
Enviar um áudio pra tua vó, reclamar do grupo da família, quem sabe sentar na mesa da cozinha e, pelo zoom ou o skype, ouvir teus amigos falarem sobre imensidões aparentemente desconexas: política, afeto, piada.
Se tu estiver com sorte e for sexta-feira, pode até fechar os olhos na sala e te imaginar em uma pista de dança.
Pra que cada célula do teu corpo sinta.
Muito.
Aquele dia em que não estás de roupa nova e nem com o cabelo arrumado.
Sequer prestando atenção na vida que escorre em cada minuto que Saturno, o soturno senhor do tempo devora com prazer.
E que existe só pra que possas seguir em frente (para o alto e avante) e, quem sabe, fazer uma parada na sombra antes de recomeçar.
De novo e mais uma vez.
Presta atenção no agora.
Seja setembro ou maio.
Em Londres, Cuba ou no distópico-absurdo-exaustivo Brasil onde (re) existimos.
Apesar de tudo.
Apesar do tanto.
Feliz ano novo.”
Texto de Cris Lisboa
🌀FELIZ ANO TODO CONSTRUTORES DO AMOR!
GRATIDÃO POR COMEÇARMOS O ANO JUNTOS EDIFICANDO A CATEDRAL DO AMOR PARA 2023🌀✨